Sediada na PUC Minas, durante os dias 5 a 8 de setembro, a edição deste ano teve como tema Comunicação e políticas científicas: desmonte e reconstrução.

 Para Juliano Domingues, eleito presidente da Intercom em Assembleia Geral no terceiro dia de congresso, esta edição superou as expectativas, tanto do ponto de vista quantitativo de envolvimento das pessoas, seja no momento remoto quanto no momento presencial, como também em relação à qualidade dos trabalhos.

 Domingues afirma que o congresso sediado na PUC Minas se tornou um marco da Intercom, porque foi nesta edição que mudanças decorrentes do período de pandemia, crise política e desincentivo à ciência no país foram implementadas. O presidente da Intercom agradece à PUC Minas e a todos os envolvidos na produção e execução do evento.

 Adelina Martins, coordenadora local da Intercom 2023 e diretora da Faculdade de Comunicação e Artes (FCA), reconhece também o sucesso desta edição: “Foram quatro dias de muita troca e aprendizado (…) e o mais bacana foi poder acolher o Brasil todo aqui”. Adelina já assegura para o ano que vem a participação da PUC Minas no próximo congresso, que ocorrerá em Balneário Camboriú, Santa Catarina.  

Relembre a 46ª edição

Esta edição da Intercom se iniciou com a mesa da abertura oficial, precedida por apresentação do coral da PUC Minas, composta pelo então presidente da Intercom, Giovandro Marcus Ferreira, o então vice-presidente Juliano Domingues, e a anfitriã Adelina Martins.

Durante a abertura, Juliano Domingues enfatizou: “Este congresso tem tudo para se configurar como um marco na história do Intercom (..) porque ele é uma espécie de remodelagem seguindo a tradição de inovação e de pioneirismo da Intercom”. Em seguida, Domingues apresentou alguns números relativos a esta edição do evento, a primeira na modalidade híbrida (online e presencial): 3.108 inscritos; 1770 submissões em grupos de pesquisa (GP’s); 559 inscrições na Intercom Júnior; e 75 submissões ao Publicom (lançamentos de livros). Até a publicação desta matéria, a parcial de congressistas credenciados presenciais era de 1.623 participantes.

Renato Janine Ribeiro, ex-ministro da Educação, professor da USP, filósofo e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), foi o palestrante da conferência de abertura, que discutiu o tema desta edição do Intercom: Comunicação e políticas científicas: desmonte e reconstrução. Após a palestra, Janine Ribeiro afirmou em entrevista:

“a área da comunicação, pelo próprio nome, está numa posição  absolutamente essencial para se discutir o desmanche não apenas das políticas públicas, mas do tecido social”

No primeiro dia do Intercom, aconteceu o painel Comunicação como área estratégica: formação para a ciência e cidadania, com os palestrantes João Brant, secretário de Políticas Digitais da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República; a deputada federal e vice-presidente da Educação Superior/ Frente Parlamentar da Educação, Ana Pimentel (PT-MG); professor Bruno Souza Leal (UFMG/ CNPq); e professor Ismar de Oliveira (USP). Durante a palestra, Bruno Leal compartilhou seu ponto de vista acerca da importância do congresso: “Ao meu ver, o Intercom tem um papel extremamente acolhedor de formação, porque geralmente é um dos nossos primeiros congressos, quando estamos nos formando, publicando nossos primeiros trabalhos de iniciação científica, mestrado. O Intercom é um lugar grande, diverso e acrescenta muito na trajetória de cada um”.

A noite do dia 5 de setembro foi marcada pela solenidade de abertura. Estavam presentes no Teatro São João Paulo II da PUC Minas os docentes Giovandro Marcus Ferreira (UFBA), como presidente da Intercom; Padre Luís Henrique Eloy e Silva, reitor da PUC Minas; Mozahir Salomão Bruck, secretário de Comunicação da PUC Minas e presidente da Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação (Compós); Adelina Martins de La Fuente; Cristina Moreira, coordenadora de Pesquisa da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da PUC Minas; e, Margarida Maria Krohling Kunsch, professora Emérita da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP. Os membros expressaram satisfação e ressaltaram a importância e o papel estratégico do tema central desta edição do congresso para o desenvolvimento da ciência e comunicação.

O segundo dia do Congresso contou com dois painéis. O primeiro, com o tema Comunicação como campo e prática científicos: desafios de produção e circulação do conhecimento para diferentes públicos, foi mediado por Sonia Virgínia Moreira, que, corroborando com a temática da palestra, afirmou: “O estudante é o futuro, tudo que a gente puder fazer para que os estudantes tenham acesso à pesquisa, à produção de conhecimento, vai ser sempre fundamental para a gente”.

O painel foi composto pelas palestrantes Adriana Omena (UFU/Intercom); Claudia Lago (FCHSSALLA/USP); Soraya Soubhi da Costa (coordenadora do Sou Ciência, ex-reitora da Unifesp); Thaiane Oliveira (UFF) e Verônica Soares da Costa (PUC Minas), que comentou:

“Nos eventos científicos, em geral, a gente costuma ver painéis formados exclusivamente por homens, principalmente homens brancos, e eu acho que é muito raro ainda a gente ter um painel inteiramente composto por mulheres, que não seja para falar de questões específicas do que se considera, eu coloco entre aspas aqui, um tema de mulher ou uma discussão de gênero. Então, foi muito importante e tomara que nos próximos eventos todo mundo esteja atento também para pensar em convidar mulheres pretas, mulheres indígenas e outras contribuições também para diversificar ainda mais esse pensamento.”

O segundo painel do dia teve como tema Financiamento das pesquisas em Comunicação: reconstrução do fomento como política de Estado, mediado por Margarida Krohling Kunsch (USP/Intercom) e contou com Luciana Santos (ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação); Paulo Vaz (UFRJ/Capes); Mozahir Salomão (PUC Minas/Compós); Maria Immacolata Vassalo de Lopes (USP/Intercom) como palestrantes.

A cerimônia anual do Prêmio Luiz Beltrão ocorreu na noite de 6 de setembro e reconheceu pesquisadores no campo das Ciências da Comunicação que se destacaram no último ano. O professor mineiro Guilherme Moreira Fernandes se emocionou ao receber o prêmio na categoria “Liderança Emergente” em seu estado e comoveu o público com seu discurso. “Sei que estou representando uma nova geração de pesquisadores, aquela educada pela professora Helena de Carrossel e que chegou à universidade em momento de efervescência do pensamento desconstruído. Isso faz com que a geração que represento, a do fim do século, tenha como missão não apenas reproduzir os conceitos que aprendemos, mas experimentá-los e fazer diferente, já que não queremos uma educação precária e portada por costumes ultrapassados. Nosso desejo é de uma universidade verdadeiramente mais incluída e sobretudo diversa”.

Na manhã do feriado de 7 de setembro, terceiro dia do Congresso, houve um painel que homenageou o professor José Marques de Melo, falecido em 2018 e que completaria 80 anos em 2023. A mesa foi composta por Juliano Domingues, Juçara Brittes (UFOP), Marli Santos (Casper Líbero) e Margarida Kunsch (USP). Entre memórias e emoções, o professor Marques de Melo foi reverenciado pela grandiosidade de seu trabalho e contribuições para as Ciências da Comunicação. Margarida Kunsch encerrou a homenagem:

“O Brasil tem um potencial muito grande em representatividade institucional, graças a essas iniciativas que o José Marques de Melo teve. Uma de suas características principais era a generosidade, além da preocupação em trazer gente nova, articular. Isso foi muito marcante na trajetória dele.”

Na sequência, outro painel, com o tema A Intercom e a memória das ciências da comunicação, com uma homenagem à professora Sonia Virgínia Moreira, ex-presidente, conselheira e atual coordenadora do Colóquio Brasil-EUA da Intercom.

Durante os dias de congresso, aconteceram diversos encontros de grupos de pesquisa e Intercom Júnior. Renata Barreto Malta, professora na Universidade Federal de Sergipe, pesquisadora e orientadora de duas alunas que participaram da 46ª edição, comentou a importância da Intercom acontecer presencialmente: “A finalidade do congresso presencial extrapola o conhecimento e as discussões teóricas”. As estudantes de jornalismo da Universidade Federal do Pará (UFPA), Isabelle Lima e Livia Leoni, vieram para o Intercom Júnior apresentar a pesquisa Fala aí, Helder – análise das estratégias discursivas do candidato Helder Barbalho durante as eleições de 2022, frente a escândalos políticos do primeiro mandato. Elas adoraram a experiência de vir a Minas participar do Intercom.

Dentre os inúmeros GP’s do congresso, no grupo de pesquisa Comunicação Antirracista e pensamento afrodiaspórico, a jornalista e professora Céres Santos, que conduziu o início da abertura das apresentações dos trabalhos, atestou a importância desse GP, uma vez que “este vai de encontro à coibição de produção e visibilidade de conhecimento preto, que acontece há séculos no meio acadêmico”.

Como parte da programação do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, o Publicom ocorreu na noite do feriado. Sua 18ª edição consagrou o lançamento de 55 novas obras e diversidade de temas e pesquisadores. Além disso, o evento permitiu um encontro entre os autores e editores com os leitores e público interessado.

No último dia do congresso foi marcado pela cerimônia de encerramento e a premiação Expocom, no ínício da tarde desta sexta-feira, 8. Foram agraciados com troféus 65 trabalhos dentre 271 concorrentes de diversas categorias. Durante a cerimônia, o novo presidente da Intercom, Juliano Domingues, leu a Carta de Belo Horizonte, intitulada A comunicação na luta pela democracia brasileira: “se soma às iniciativas nacionais coordenadas pela SPBC na chamada para a luta pela ciência e pela democracia”.

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