No terceiro dia do Congresso, na manhã do feriado de 7 de setembro, o painel 1 do tema A Intercom e as memórias da ciência da comunicação homenageou os 80 anos do professor José Marques de Melo, falecido em 2018. A mesa foi composta por Juliano Domingues (UNICAP), Juçara Brittes (UFOP), Marli Santos (Casper Líbero) e Margarida Kunsch (USP). O alagoano Marques de Melo foi o primeiro doutor em Jornalismo no Brasil e um dos fundadores da Intercom, em 1977, instituição que presidiu e da qual foi patrono.

Juliano Domingues, vice-presidente da Intercom, abriu a programação, ressaltando que o tributo ao pesquisador foi pensado não só para o congresso nacional, visto que Marques de Melo também foi reverenciado nas edições regionais ao longo do ano, no Norte e no Nordeste. Domingues ainda reiterou a chamada para o livro em comemoração ao aniversário do professor, aberta até o dia 30 de setembro. O objetivo é reunir relatos sobre ele, principalmente de ex-orientandos.

A professora Juçara Brittes, ex-aluna e orientanda de Marques de Melo, foi a primeira pessoa a escrever um texto biográfico sobre a trajetória acadêmica do pesquisador: “Eu o fiz porque era preciso divulgar a grandiosidade de seu trabalho para o campo da comunicação no Brasil”. Brittes se emocionou ao mostrar uma coletânea de cartas que trocou com o professor ao longo dos anos.

“Tenho uma dívida com ele. O que ele fez comigo, e acredito que com todos os que orientou, foi incentivar o trabalho e a pesquisa. Antes de morrer, quando já sabia da gravidade de sua situação, ele pegou sua biblioteca pessoal, separou as obras por interesse dos ex-orientandos e mandou de presente para cada um. Eu mesma recebi um pacote com os livros. Ele deixou tudo para os alunos”

Juçara Brittes, ex-orientanda de José Marques de Melo

Marli Santos, que também foi orientada por José Marques de Melo, destacou a preocupação do pesquisador em aprofundar os estudos na área da comunicação e no jornalismo. Segundo ela, o propósito dele era disseminar o conhecimento. “Ele tornou a comunicação um campo de efervescência. Tinha um projeto de consolidação como um campo acadêmico”, afirmou. Marli também destacou a importância de manter a memória do professor viva: “Já que ele não está mais aqui com a gente, vida longa pela obra”.

Fotos: Pamella Ribeiro

Margarida Kunsch encerrou a homenagem falando sobre as contribuições que Marques de Melo deixou para as ciências da comunicação. “O Brasil tem um potencial muito grande em representatividade institucional, graças a essas iniciativas que o José Marques de Melo teve. Uma de suas características principais era a generosidade, além da preocupação em trazer gente nova, articular. Isso foi muito marcante na trajetória dele”, destacou. Kunsch também pontuou a importância de passar esse legado para as próximas gerações: ““Tudo isso é fruto de um trabalho incansável de várias pessoas. É importante resgatar e reconhecer o legado que o professor Marques deixou”.

“As entidades só existem quando alguém as assume, e isso vai passando para as outras gerações. Se não tiver uma liderança, uma articulação, as organizações morrem”

Margarida Kunsch, referência nacional na pesquisa em comunicação organizacional

Presente no auditório, Maria Immacolata Vassalo (USP), ex-presidente da Intercom, comentou a relevância de Marques de Melo: ““Ele cumpriu sua missão. Tinha uma visão coletiva, integrada e foi um tutor. Ele realmente nos deu o norte, um caminho para participarmos das associações internacionais. Nós só temos que agradecer”.

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